Vigilância Sanitária registra 35 casos de escorpiões em 2013

Animal se reproduz no verão, assim como o caramujo africano, sobretudo nos períodos mais chuvosos

“Olhe dentro do sapato antes de calçá-lo”, dizem os pais experientes, a fim de prevenirem os filhos das doloridas picadas de escorpião. Sacudir lençóis e cobertas, e verificar o interior do travesseiro antes de deitar também são precauções válidas, visto que o animal gosta de se esconder em lugares escuros durante o dia e sair à captura de insetos à noite.

Soa incomum, mas pode acontecer. Principalmente nesta época. Se picada, não dá para saber como o veneno irá reagir no corpo da pessoa. Assim, aconselha-se, ao procurar um pronto-socorro imediatamente, levar o escorpião junto, para que o médico saiba exatamente qual é a espécie e aplique o soro adequado. A picada causa dor intensa, vermelhidão, inchaço, vômito e, em casos mais graves, pode resultar em choque anafilático (compressão das vias aéreas) e ser fatal. Por isso, é melhor se prevenir.

No ano passado, a Vigilância Sanitária de Capivari recebeu 35 reclamações sobre escorpiões em residências, mas sem nenhum acidente. Em 2014, já foram registrados dois casos, também sem contato com o animal. Em Rafard, os episódios são mais raros. Este ano, a Vigilância Sanitária do município fez uma busca ativa na parte baixa da Rua Giovani Boscolo e encontrou apenas um escorpião.

“Problemas com escorpiões estão ligados à educação ambiental, uma vez que eles aparecem onde encontram abrigo e alimento”, explica o chefe do Departamento de Vigilância Sanitária e Saúde de Rafard, Celso Cerezer. Com o calor e as fortes chuvas de verão, o número de escorpiões nas cidades se multiplica rapidamente. De acordo com a Vigilância Sanitária de Capivari, as espécies mais encontradas são o escorpião amarelo (Tytius serralatus) e o escorpião marrom (Tytius bahiensis).

Eliane Piai, secretária da Saúde de Capivari, lembra que esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico, como predadores de outros seres vivos, e por isso não podem ser mortos. “Os locais escuros, úmidos e com pouco movimento, tanto na área externa como interna do imóvel devem ser examinados com atenção”, completa.

Para evitar a proliferação de escorpiões em casas e terrenos, a população precisa adotar uma série de cuidados como não manter pilhas de tijolos e telhas encostados em paredes, revestir muros para que não haja frestas, tampar ralos, vedar frestas e soleiras de portas, colocar tela em ralos, pias, tanques, pontos de energia e telefone e na ventilação de porões.

Recomenda-se também manter os quintais limpos, sem acúmulo de folhas secas, não jogar lixo em áreas abandonadas, eliminar baratas – fonte de alimento dos escorpiões – e evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os animais peçonhentos. A utilização de inseticidas (SBP, Raid, Baygon etc.) não mata escorpiões. Só os deixa mais famintos e, consequentemente, mais agressivos.

Quem achar um ou mais escorpiões em casa deve ligar para a Vigilância Sanitária, para que seja realizada a busca e a captura do animal. Em Capivari, o telefone é 3492-1606. Em Rafard, 3496-2168.

Caramujo africano

Outro perigo que invade os espaços urbanos no verão é o caramujo gigante africano. A praga foi introduzida clandestinamente no Brasil como substituta do escargot, mas seu consumo se mostrou inviável. Em seguida, foi descartada na natureza e, sem predadores naturais, se proliferou. Porém, se estiver com a secreção contaminada por microrganismos, o molusco pode causar cegueira e transmitir meningite, além de problemas intestinais.

Com 15 centímetros de comprimento e até 200 gramas, o caramujo devasta hortas e jardins. Segundo a Vigilância Sanitária de Rafard, 49 imóveis estão cadastrados e recebem monitoramento e orientação contínua, por já terem casos registrados no setor. “Os agentes comunitários realizam visitas zoosanitárias para identificar a incidência do molusco e de outras pragas”, conta a secretária da Saúde de Capivari, Eliane Piai. A cidade registrou 27 casos de infestação no ano passado.

A aplicação de cal em muros evita que os caramujos africanos invadam as propriedades nos períodos mais chuvosos. Recomenda-se efetuar caiação de muros e de barrados de 0,5 metros nas paredes externas. Para proteger muros junto a terrenos baldios infestados, o cidadão deve capinar uma faixa de 0,5 metros de largura da área abandonada, colocar cascalho e aplicar calda de cal sobre o mesmo.

De acordo com a Vigilância Sanitária de Capivari, o controle desse caramujo se reduz à catação manual periódica dos animais e dos ovos – as mãos devem estar protegidas com luvas ou sacolinhas de mercado – e posterior eliminação (esmagar, enterrar e acrescentar uma colher de cal virgem para evitar a contaminação do solo). No entanto, é preciso tomar cuidado para não eliminar espécies nativas por engano, ocasionando desequilíbrio ambiental.

O principal molusco que pode ser confundido com o exótico é o caramujo gigante brasileiro. Porém, o africano possui a concha mais afilada, marrom escura, com estrias e corpo marrom, enquanto a concha do brasileiro é arredondada, marrom clara, sem estrias e o corpo é amarelo. “É necessária a conscientização e a colaboração da população para que o controle do caramujo africano surta efeito”, frisa o chefe da Vigilância Sanitária e Saúde de Rafard, Celso Cerezer.

Os rafardenses que encontrarem o caramujo africano na residência devem entrar em contato com a Vigilância Sanitária, por meio do telefone 3496-2168 para que a casa seja registrada e passe a ser monitorada, visando o controle da praga urbana.

_

Publicada na página 11 da edição 1137 do jornal O Semanário, em 7 de fevereiro de 2014.

Deixe uma resposta